NAU LITERÁRIA – Entrevista com Etelvina da Conceição Alfredo Diogo

NAU LITERÁRIA – Entrevista com Etelvina da Conceição Alfredo Diogo

 

Etelvina da Conceição Alfredo Diogo, conhecida no meio literário por Ngonguita Diogo é escritora angolana e circula entre a poesia e a prosa.

É membro da União dos Escritores Angolanos e da Academia de Letras do Brasil.

É Comentadora da Ordem dos  Benfeitores Culturais da Humanidade  pela Federação Brasileira dos Académico das Ciências, Letras e Artes,  É Embaixadora de África pela Academia Internacional dos Artistas e Poetas – AIAP, Membro correspondente da Academia de Letras e Artes da Praia Grande e Membro da Liga Africana e do Movimento Lev’arte Angola.

É Directora da Academia de Letras do Brasil para Questões Humanitárias  no Continente Africano.

Tem sete livros publicados, participa em várias antologias internacionais e tem um CD com poemas musicalizados.

 

ENTREVISTA

 

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REVISTA THE BARD – Inspiração Literária: Quais são as principais influências e inspirações que moldaram sua escrita e como elas se refletem em suas obras?

ETELVINA DIOGO –  O quotidiano tem sido a minha maior inspiração. A natureza, as pessoas e seus conflitos, o amor e a dor. Escrevo poemas, contos infantis e até romances. Participo em recitais de poesia, porque gosto da emoção em palco.

Tenho consciência da importância da literatura infanto-juvenil e fui crescendo até à maturidade da narrativa ficcional. Naturalmente que o valor daquilo que escrevo depende dos meus leitores. Em relação à literatura infantil, é fundamental que as crianças tenham contacto com os livros desde tenra idade, acostumando-se com a sua textura, formato, cheiro e universo de possibilidades, ou seja, a leitura enriquece a visão do mundo das crianças. Estes três universos de produção literária têm sido para mim um exercício de prazer, considerando que sou neta de uma exímia contadora de histórias e carrego a veia poética do meu pai, privilégios que, associados a algum atrevimento da minha parte, fizeram de mim o que sou, simplesmente Ngonguita Diogo, meu pseudônimo literário.

 

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REVISTA THE BARD – Temas e Mensagens: Em seus livros, você aborda diversos temas sociais e culturais. Como você escolhe os temas que deseja explorar e qual mensagem espera transmitir aos seus leitores?

ETELVINA DIOGO – Os meus livros estão carregados de mensagens, é o jeito que encontrei para contribuir um pouco, na esperança de um mundo melhor e faço através de ideias e sentimentos que coloco nos meus textos. Também refletem aspectos culturais para que não percamos a nossa identidade. Os temas são aleatórios com sentimentos conflitantes e não só, resultante de alguma vivência sofrida, ou até mesmo comemorada. Contudo é a dor que mais me move.

Por outro lado, estou inserida numa sociedade onde a preocupação pedagógica deve ser de todos, os nossos filhos querem ascender sem esforços visíveis, o dinheiro tem falado mais alto e vamos lentamente perdendo a dignidade. O que vem de mim está intrinsecamente relacionado com o pensamento político. Também fui premiada com a aventura humana que embelezou os inesquecíveis anos 70, com a revolução. Daí que ver uma Angola melhor onde todos possam viver condignamente é o meu sonho de consumo. Contudo, estou consciente de que temos muito trabalho pela frente, mas chegaremos lá. A religião sempre fez parte da minha vida e com ela o pensamento humanista. Sentimo-nos um pouco mutilados, é verdade, mas o nosso pensamento é solidário e isso percebe-se até na minha literatura.

 

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REVISTA THE BARD – Desafios da Escrita: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou como escritora em Angola e como você os superou?

ETELVINA DIOGO – Qualquer início é sempre confuso, o meu não fugiu a regra, principalmente por ter começado a escrever muito tarde. Então convivi com a minha insegurança, dúvidas e o medo das críticas maldosas que fizeram parte da minha história literária. Porém convivi também com pessoas que me incentivaram aplaudindo os meus comptuescritos e ajudaram a perceber que não estamos aqui para agradar a todos, que cada ser humano tem a sua preferência e relaxei, (risos). Tive sorte por ter sido acarinhada por pessoas com experiência literária acima da média e foi muito bom para mim.

Vivi um período de grande motivação, com isso escrevi e publiquei freneticamente alguns livros, porém a saúde me traiu, forçando-me a diminuir o ritmo prazeroso de publicações, agora tenho dificuldade em lidar com fortes emoções.

 

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REVISTA THE BARD – Futuro da Literatura Angolana: Como você vê o futuro da literatura em Angola e qual papel você acredita que os escritores têm na construção da identidade cultural do país?

ETELVINA DIOGO –  Acredito nos jovens com pretensão literária no meu País, temos um grande viveiro ávido para mostrar a grandeza da nossa literatura, infelizmente não estão a ser acarinhados como deviam. A falta de encorajados e motivações pôde sim perigar o desenvolvimento da nossa literatura, o que é uma pena.

Observo com alguma tristeza de que estamos a perder a nossa identidade cultural, a história não está a ser contada como devia devido a aculturação absoluta ou excessiva do nosso povo, por isso devemos arregaçar as mangas para resgatar os valores morais e culturais através da nossa literatura e ainda é possível.

 

5

REVISTA THE BARD – Deixe uma mensagem para os leitores da Coluna Nau Literária-Revista The Bard.

ETELVINA DIOGO – Ler para transpor continentes, ler para conhecer gente, ler para se emocionar, divertir e apaixonar, esta é a minha mensagem.

Muito obrigada pela sua participação.

 

LIVROS DA ETELVINADIOGO

Por MAGNA ASPÁSIA

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