Magnas sois vós, palavras
Um eco a Céu aberto, universais
Com efêmeras sintonias, traduzidas
Por entre o Céu e a Terra, um mar
Em linguagem universal
Feito pássaros a medir dimensões
E perceber magnitudes do ar
Terra à vista, em liberdade
Magnas sois vós, palavras
Capazes de instruir e ensinar
Sois vós o poder do sentir
Da criação e também do caos
Em linguagem universal
Sois vida ambilateral, escalena
Uma arte, um existir
E nós, rochedos no infinito tempo
Magnas sois vós, palavras
A pairar sabedorias
Circunspectas na cultura milenar
De beleza magnânima, imaterial
Em linguagem universal
Sois literatura, natureza rija
Yin-yang, súmula sois, um voo
Uma passagem, o tempo
Magna sois vós, Literatura
Diacrônica, atemporal
Por entre séculos, a poesia
Filosofia do bem e do mal
Em linguagem universal
Magna sois vós, a vida
Sois bela, evoluída em virtudes
A natureza e a Literatura
Prezados leitores da 25ª edição da Revista Internacional The Bard, nesta edição, minha alegria se comprime em palavras panorâmicas. Falar da cultura milenar chinesa, em algumas de suas dimensões, como a arte, a poesia e a literatura, é como passar uma vida tentando viver ao máximo cada dia dela. Mas, como o impossível só existe para quem desiste no meio do caminho, trago palavras que são capazes de tocar a magnitude de nossas percepções e fazer com que enxerguemos o mundo, do nascer ao pôr do sol, por lentes para além do milenar, o literário e o belo.
Em todas as culturas, assim como na vida, penso, não é questão de oriente ou ocidente, é questão de humanidade. A literatura se universaliza e atende, pois, em linguagem não-comum, é ela a origem, a arte e a tradução do equilíbrio (entendimento, aprendizado, aceitação), inclusive de crenças.
Espero que o Sol nasça e a luz não se apague antes mesmo de sua leitura. E mais uma vez, contribuindo para a Revista Internacional The Bard, gratifico meu tempo e toda sabedoria adquirida com essa experiência e oportunidade a mim concedidas. Brindemos com uma boa leitura, a nossa existência!
Gratidão!
Márcia Neves
Entre a Filosofia, a Arte e a Literatura – virtudes poéticas
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“Antes de interpretar a realidade, nós a sentimos. ”
Palavras dizem
E por assim, dizerem
São virtudes como a benevolência
E a evolução do homem.
Mas, a sabedoria por dizê-las tão bem
São suas, da poesia
Em seu processo de evolução
Em síntese, etimologicamente, conceitua-se filosofia como amor à sabedoria. Sabedoria essa que se desenvolve por e a partir do entendimento das razões da própria existência e reconhecimento da própria ignorância, em suma, um modo particular de pensar, que se desenvolve e evolui a partir de concepções e teorias criadas por alguém para definir determinada época e/ou cultura.
Em contrapartida, Arte pode ser definida como didática. Aptidão humana, habilidade, modo de representar, demonstrar, apresentar, desenvolver, aplicar teorias, ideias, experiências individuais e coletivas por meio de interpretações gráficas, visuais, sonoras, etc., capazes de traspassar superfícies, provocar os sentidos do homem e criar panoramas para o entendimento da própria realidade. Afinal, a arte imita a vida ou seria o contrário?
Vale mencionar o importante filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), um dos pensadores com maior influência na cultura ocidental, pois, segundo ele, a arte imita a vida, sendo ela instrumento, estratégia para vencer as dificuldades do dia a dia, que sozinha a natureza teria dificuldades de superá-las. Sendo ela, a Arte, uma das dimensões necessárias na busca pelo equilíbrio entre razão e emoção, e uma grande aliada do desenvolvimento humano pela sua sensibilidade e tangência. Ainda para ele, o homem desenvolve capacidades, habilidades de conhecer o mundo estando nele.
Foto de Aristóteles, por Fasbam
Impossível falar de literatura sem mencionar o próprio Aristóteles, visto sua incrível passagem na criação de modernas artes e ciências, como a Retórica (arte de escrever com eficiência), a Psicologia (mostrando ao homem como estudar a alma cientificamente) e a Lógica (ensinando a pensar com clareza), etc. Sendo a literatura, etimologicamente, erudição, letras. Código de organização e manifestação humana. Mas, o que isso tem a ver com a cultura milenar chinesa?
A começar pela língua, uma das que mais possuem códigos invioláveis e ideológicos e com caracteres simplificados, a exemplo do Mandarim. A seguir com a constante valorização e reconhecimento das máximas populares nas situações do cotidiano, que expedem para lendas centenárias, como: “chengyu” (fórmulas com quatro caracteres), os “miyuan” (fábulas), até mesmo os “geyan” (adágios que referenciam filósofos clássicos, como Confúcio – Confúcio ou, literalmente Mestre Kong, nascido entre 552 a.C. e 489 a.C., pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos. Sua filosofia sublinhava uma moralidade pessoal e governamental, os procedimentos corretos nas relações sociais, a justiça e a sinceridade -), dentre outras. A contar, também, não só com a imensidão do território, mas também, com a diversidade étnica (além dos Han, que são maioritários, há mais de 50 etnias com línguas próprias), o que intensifica o surgimento de variações culturais, linguísticas, etc., sem mencionar fatores de desenvolvimento naturais, políticos e econômicos, que também são determinantes nesse processo, no fortalecimento da literatura.
Imagem de Freepik
De modo geral, têm a ver os hábitos e costumes de todas as etnias. Alimentação, vestimentas, crenças, educação, etc., sem remeter a passados tão distantes, sempre cultuando a própria existência com a natureza, a beleza, o belo, a disciplina, etc., a exemplo das festas legais e tradicionais, a ver algumas:
O Ano Novo; Festa da Primavera; Internacional das Mulheres; Da Reflorestação; Festa Nacional; Das Lanternas; Festa de Meados de Outono; A Festa do Duanwn (o 5º dia da 5ª lua), em homenagem ao poeta patriota Qu Yuan (340-278 a.C.), que não quis viver após a queda do reino de Chu, que, inclusive, é razão para, além de algumas comidas, corridas de barcos-dragões.
Festival da Lua em Pequim – Shizhao
Têm a ver, também, e principalmente, o ideal de vida (de felicidade) dos chineses, que consiste, de forma indescritível, numa vida simples, valorizando suas origens rurais (onde habita, ainda, a maior parte da população) e harmonia entre as relações sociais e religiosas, a exemplo da frase de Confúcio “não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem a ti.”
Nas últimas décadas, reformas significativas e “corajosas” foram implantadas, inclusive na educação, de incentivo à leitura (como a abertura de mais de duas mil bibliotecas públicas) e na área editorial (com mais de 500 editoras difundindo a arte, a literatura e a cultura), criação de museus estatais, etc., o que permite melhorar seus índices de desenvolvimento. E mesmo com todas as mudanças políticas que sempre ocorrem, mantém-se a política de preservação e promoção de seus bens culturais e naturais, e pode contar com mais de vinte bens culturais e naturais incluídos na lista de patrimônios mundiais.
Por meio da Filosofia, da Arte e da Literatura, é possível entender a história da humanidade, construída e narrada por elas, e de várias formas, cuja principal, se auto define na poesia que envolve o homem em sua faculdade de ser, de construir sua identidade e se reconhecer parte natural de seu próprio universo; o que não se restringe a determinada cultura; mas, a fidelidade e beleza retratadas na cultura milenar chinesa, transcende qualquer narrativa e configuram-se a própria arte. O segredo de viver, virtudes poéticas.
O segredo de viver
Por entre sons e silêncios estridentes
Por entre o cultivo e as cores vibrantes
Do belo e do natural
O segredo de viver
Por ascensão imaterial, pessoa
Por entre o eu em você, comum
De um coletivo oriental
O segredo de viver
Em um país continental, hemisfério
Está na poesia que se escreve, percebe
Em linhas universais
A própria vida é um estado de espírito.
Márcia Neves
Fontes consultadas
https://ufs.emnuvens.com.br/tempopresente/article/view/12487/9641
https://www.dicio.com.br/literatura/
https://www.ebiografia.com/aristoteles/
https://www.sohistoria.com.br/biografias/confucio/
Por MÁRCIA NEVES