Na The Bard deste mês, convidei o autor Rod Zandonadi para conversar sobre esse subgênero da literatura que está em expansão, e que ganhou notoriedade depois do lançamento do filme Pantera Negra
Mas o gênero é muito mais antigo que isso, Rod nos explica que:
“Muitos consideram o Afrofuturismo como uma mescla da cultura africana com sic-fi. Mas o movimento aborda muito mais que isso. Abrange a ficção especulativa (fantasia, ficção científica e terror) sob uma perspectiva negra, com protagonismo afrocentrado, trazendo uma visão que traz uma nova proposta para o presente, uma nova perspectiva do futuro, e uma reimaginação do passado, em que negros e negras africanos e em diáspora expressam dores, anseios e esperanças. É uma estética cultural, filosofia da ciência, filosofia da história e filosofia da arte que combina elementos de ficção científica, ficção histórica, fantasia, arte africana e arte da diáspora africana, afrocentrismo e realismo mágico com cosmologias não-ocidentais para criticar não só os dilemas atuais dos negros, mas também para revisar, interrogar e reexaminar os eventos históricos do passado.”
Além de transmitir uma mensagem poderosa, o protagonismo negro é evidente. Imagine quão poderosa é a identificação e representatividade. Ele nos dá exemplos de Afrofuturismo no Mundo:
“Além de exemplos como o filme Pantera Negra da Marvel, temos best-sellers mundiais na literatura de fantasia, como a Trilogia Legado de N. K. Jemisin; a saga Imortais de Namina Forna; e Quem Teme a Morte de Nnedi Okorafor. A série Lovecraft Coutry da Netflix trás o afrofuturismo sob a perspectiva do horror, ao adaptar a obra de mesmo nome de Matt Ruff. “
Mas não é necessário ir longe para ter livros com essa temática. Assim, o autor de fantasia nos dá exemplo dessa literatura aqui em terras tupiniquins:
“O Brasil não fica atrás no movimento. autores brasileiros como Fabio Kabral (autor de O Caçador Cibernético da Rua 13) e Alê Santos (autor de O Último Ancestral) despontam como gênios, ao unir fantasia, ficção científica e cultura afrobrasileira. Sem mencionar Lu Ain Zalia, escritora afrofuturista e autopublicado de Nova Iguaçu, autora da saga Duologia Brasil 2048, que foi a primeira obra de ficção especulativa protagonizada por uma heroína negra.”
Assim, Rod conclui, nos mostrando a importância deste movimento.
“Sendo um movimento que defende a mudança no sistema estrutural atual, racista em seu cerne, o afrofuturismo apregoa o fim da violência policial, de prisões injustas, e a abertura de oportunidades para pessoas negras no mercado de trabalho e em espaços culturais. Repensar o sistema racista em que vivemos ao entrar em contato com esse tipo de protagonismo negro e manifestação afrodescendente, um dos focos do movimento é que as pessoas passem a questionar o mundo atual, e imaginem uma sociedade sem discriminação e divisão de acordo com raças ou origem étnica.”
E você? Conhecia o Afrofuturismo?
Por JOSI GUERREIRO