O MUNDO DA FANTASIA – Reflexão: Lugar de fala ou dar voz?

O MUNDO DA FANTASIA – Reflexão: Lugar de fala ou dar voz?

Reflexão: Lugar de fala ou dar voz?

 

Olá, leitor da The Bard. Trago hoje um assunto importantíssimo para debatermos.
Quantos protagonistas negros de filmes, livros e seriados que você conhece?

Temos que parar para pensar um pouco para responder, não é? Já que a herança da literatura, da indústria do entretenimento, vem do modo Hollywoodiano de produzir, e arte renascentista, que por muitos é considerada a forma perfeita da arte (incluindo neo classicismo, rococó e tudo que derivou da escola clássica de pintura) tem suas raízes na arte européia. A própria raiz do Storytelling, ou o contar histórias, vêm com as tragédias gregas. Não é à toa que grande parte dos produtos resultados da arte apenas contemplam essa parcela branca da população.

Porém, a população mundial é composta de várias nações, com diversas raças e culturas. O Streaming percebeu isso, que as pessoas exigiam representatividade, exigiam se ver nos personagens, que suas lutas, que suas dificuldades fossem retratadas, assim como suas características físicas. Hoje temos uma variedade de produções, vinda de países diversos, como México, países africanos e do Brasil, cujo protagonistas acompanham as características da diversidade daquele povo.  E não estamos falando de uma visão estereotipada, mas produções que contam narrativas diversas: romance, fantasia, ficção científica, sem focar somente nas dificuldades daquele povo. Claro que isso faz parte da história e não pode ser arrancado, mas cada personagem não deve ser apenas um estereótipo, deve ter sonhos e objetivos, personalidade e história de vida.

 

 

O primeiro movimento que está sendo feito para corrigir essa injustiça e suprir essa necessidade de representatividade, são as mudanças de características de personagens retratados como brancos. Há muitas discussões na internet sobre o live action da pequena sereia (que, aliás, pode ser de qualquer cor porque sereias não existem), Arondir, em Anéis do poder (o comentário anterior também vale para ele, o que não existe são os elfos, portanto, eles podem ter qualquer cor de pele), ou Annabeth, na nova série de Percy Jackson (o importante é não juntar dois personagens, como nos filmes, e que ela mantenha a personalidade marcante do livro)

O segundo passo é: termos protagonistas negros nos livros (assim como indígenas, Lgbtqia+), para que as futuras produções já tenham essa representatividade naturalmente.

Falando em livros, quantos escritores negros você conhece? Segue algum nas redes sociais? E ativistas? Digo isso porque é importante conhecer as causas e fazer com que essa bolha estoure e ecoe suas vozes em outros locais, pois, infelizmente o que acontece são apenas negros seguindo negros, apoiando as causas negras. Afinal, é preciso dar apoio e ter posicionamento, pois o modo de fazer a diferença são nossas ações, não importa o quão pequenas pareçam.

 

 

E a última parte da reflexão é: Quando escrevo personagens das minorias roubo o lugar de fala?

Isso depende muito de como a história foi construída, se houve respeito e dedicação durante o processo de construção de personagens, se foi feita a leitura sensível para ver se os posicionamentos estavam condizentes, se você estereotipar o personagem.

Como brancos (cis, privilegiados e todo o pacote que vem junto) devemos dar voz a essas lutas, e claro, incentivar para que escritores negros e de outras minorias escrevam suas próprias histórias, mostrando suas questões, sua vivência e tendo seu lugar de fala.

Por JOSI GUERREIRO

 

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