PINTURA – A visão por Sonia Carolina Andrade

PINTURA – A visão por Sonia Carolina Andrade

Ah! essa visão que passa sugerindo sonhos,

de uma mulher envolta em véus em transparentes brumas…

Que corre pelos bosques e campinas

incendiada de luz a cada vez

que um raio de luar cobre seus flancos

se eternizando pelas espáduas nuas…

Ah! Essa mulher cujo vestido branco e nacarado

flutua ondeante por sobre lírios em vaporosa teia…

E ela agita a longa cabeleira e ri, como

num delicioso marulhar das ondas

em praias brancas e perfumadas pela aurora…

E seu riso franco, riso de criança e de mulher,

percorre o horizonte azul das madrugadas

em busca das alvoradas, enquanto

deixa um rastro de luz turquesa suspenso por sobre

as sombras clandestinas e delirantes,

em miragens de desejos profanos, envolventes…

E num alvoroço impiedoso

afastando as sombras, embriagada de lúcida certeza,

traz luz, som e cor, traz vida aos sonhos sem sentido.

Ah! Essa visão que passa deslizando em meus delírios,

inviolável, doce, dançando em voluptuosa teia pelas campinas

no rosicler da aurora, traz nos olhos dois sóis clareando os becos…

Resvala suspensa pelos vales lilases aljofrados de mistérios,

envolta no doce perfume das quimeras,

rompendo espelhos e indo muito além

do sussurrar das fontes soluçantes…

Livre, ela agita a longa cabeleira incendiada de estrelas,

cantando com a cor de toda natureza e,

seu canto selvagem e lírico, invade o segredo das cascatas.

E seu riso é doce e cristalino

como um marulhar das ondas em praias brancas

perfumadas pelo alvor da aurora.

   

Por SONIA CAROLINA ANDRADE

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