Ah! essa visão que passa sugerindo sonhos,
de uma mulher envolta em véus em transparentes brumas…
Que corre pelos bosques e campinas
incendiada de luz a cada vez
que um raio de luar cobre seus flancos
se eternizando pelas espáduas nuas…
Ah! Essa mulher cujo vestido branco e nacarado
flutua ondeante por sobre lírios em vaporosa teia…
E ela agita a longa cabeleira e ri, como
num delicioso marulhar das ondas
em praias brancas e perfumadas pela aurora…
E seu riso franco, riso de criança e de mulher,
percorre o horizonte azul das madrugadas
em busca das alvoradas, enquanto
deixa um rastro de luz turquesa suspenso por sobre
as sombras clandestinas e delirantes,
em miragens de desejos profanos, envolventes…
E num alvoroço impiedoso
afastando as sombras, embriagada de lúcida certeza,
traz luz, som e cor, traz vida aos sonhos sem sentido.
Ah! Essa visão que passa deslizando em meus delírios,
inviolável, doce, dançando em voluptuosa teia pelas campinas
no rosicler da aurora, traz nos olhos dois sóis clareando os becos…
Resvala suspensa pelos vales lilases aljofrados de mistérios,
envolta no doce perfume das quimeras,
rompendo espelhos e indo muito além
do sussurrar das fontes soluçantes…
Livre, ela agita a longa cabeleira incendiada de estrelas,
cantando com a cor de toda natureza e,
seu canto selvagem e lírico, invade o segredo das cascatas.
E seu riso é doce e cristalino
como um marulhar das ondas em praias brancas
perfumadas pelo alvor da aurora.
Por SONIA CAROLINA ANDRADE