Nas lareiras do passado
ardem palavras de sebo
lavrando no seu recado
as ideias claras de Febo
que, em anúncios de sede,
lavam a fome dos medos,
pálidas bocas de rede
que pescam os seus segredos
e desovam argumentos
no cosmos dos seus tormentos.
Com as lâminas da dor
se pincham velhas memórias
e com a salsa do amor
se dança ao ritmo das estórias
que rabiscam as comédias
dos que partem sem Orfeu
e dos que ficam sem rédeas
no jardim de Prometeu
onde o que fogo é
salga a dor de maré.
Por RENATO CRESPPO
Bellaria-Igea Marina – Rimini, Itália