Nas águas do Paraopeba
a natureza encarregava-se da vida
e o homem desviou seu curso
com o rompimento da Mina do Córrego do Feijão.
Brumadinho; tadinha…
perdeu vidas, lavouras, bens
e feijão já não tem.
Nas águas do Paraopeba nadavam peixes;
agora nadam lamas de minério da Vale.
Mas, de que vale o rio sem peixe
e o vale sem rio…
Será que vale?
Para o explorador tudo vale:
vale violar as leis
vale comprar políticos
vale garimpar, extrair minerais,
cavar, deixar buracos,
lacunas e vazios…
Valeria a pena
se tivesse dó de quem tem pena,
se se preocupasse com o meio ambiente;
preservando-o, poupando-o de tragédias,
escutando o grito desesperado da natureza
que clama por socorro,
ao invés de sirenes, anunciando novo perigo.
Lá se vão as águas do Paraopeba
desanimadas, contaminadas, tristes
arrastando rejeitos e rompendo vidas
sem terem como fugir de outros rios.
E a Vale…
Por BERNARDO SANTOS
São Caetano do Sul – São Paulo, Brasil