Devo ser eu mesmo em todos os tempos,
Devo ser todos num único instante,
A ter-me em metades, compartimentos,
Para ausentar-me da amorfia d’antes.
Troco de roupas, modifico estradas;
Troco de alma, coração, fantasias;
Converto as tristezas em gargalhadas;
Exproprio-me da dor que angustia.
E eis que a mim, vislumbro hoje neste
espelho,
Num reflexo não mais estilhaçado,
Velho, esmaecido e de olhar vermelho.
Agora sou, neste sonhar em lágrimas,
A imagem que se curva ante o lago,
Presente de mim mesmo, nestas águas.
Por MÁRCIO CASTILHO
Volta Redonda, RJ, BRASIL