Como um mantra matinal
Sentir o líquido preto descendo pela garganta
O pontapé inicial do dia
Um combustível para ligar o sistema autônomo
É aspirar o café na xícara
Fechar os olhos e sorrir
E tomar a poesia quente
É aquiescer por dentro
É sentir acordado e no espaço
E só assim iniciar o dia
É contemplar o ritual
E sentir prazer no gole lento
Viver esse breve e belo momento
É amar o processo de seu preparo
O pó, água e o coador
A fumaça e o vapor
É sentir um abraço acolhedor
Braços ao redor de si
E sorrir sem perceber
É o carinho nas mãos que envolve
A cabeça no ombro
E o amanhecer que se torna o mais lindo encontro
É poesia viva
E um quadro dinâmico revelado por um anônimo pintor
É o viver bem vivido
É café com amor
Por CACÁ MATOS
São Paulo – SP, Brasil