Catadora de papéis, de origem humilde,
sem joias ou anéis.
Mãe solteira de três filhos,
morou na favela do Canindé,
mas com dedicação e fé,
publicou seu premiado livro:
“Quarto de Despejo: diário de uma favelada.”
Seu grande desejo era ser escritora.
Foi à luta e, apesar da pouca
escolaridade, teve maturidade
e competência para transformar
simples palavras em essência.
Essência de versos, rimas,
inspiração.
Essência verdadeira
porque foi uma guerreira
nesse mundo de alucinação.
Como nascer pobre e ser reconhecida?
Como ser negra sem ser banida?
Em um país como o nosso, colonialista?
Em um país socialmente desigual, escravista?
Você, mesmo com todas as adversidades,
deu voz a tantos que não podiam falar.
Você, mesmo no frio, na fome,
na dor e na solidão, à margem da vida,
deu esperança a tantos
que não podiam ser ouvidos.
Você, escritora do povo,
fez parte de uma sociedade
marginalizada, ignorada
pelas elites brasileiras.
A você, conhecida como a “Cinderela Negra”, dedico este poema:
Carolina Maria de Jesus.
Por RITA DE CÁSSIA BARREIRO
Brasília – DF, Brasil