Sem pretensão o caminho seguia
mas ia enlevada… ah…isso ia!
Pudera!… o caminho feito passarela
veio sob medida para ela, tal qual uma tela
Ia… do seu jeito, do seu modo,
passeando pelo Jardim, toda florida
livre, solta de bem com a vida
porém, não sabia que seria tão ao seu gosto
deparar-se com a Deidade da nobre bebida
O desfilar pela galeria a entorpecia
pois, como sacerdotisa sentiu o aroma das lavandas
e rodopiando encantada em sua ciranda
ficou frente a frente com a Deusa da Vindima
envolvida pelas uvas, revelando o sabor do sumo
ali ficou… hipnotizada… perdeu o prumo e o rumo
Sem ter uma taça.. que disparate!
Estava inebriada…pensa ter visto Baco
e de tal modo sucumbiu aos seus encantos
que sentiu o sabor do mosto descer pela garganta,
sedenta… de olhos fechados, saboreou o vinus
sem o tê-lo, satisfez seus desejos,
entregou-se ao tanino e ao carinho
e descobriu o segredo: Baco a saciou num só beijo!
E ali ficou entorpecida
em um alucinante balé de sensações
ouvindo Vivaldi na magistral
“Canção das Quatro Estações!
Por Suely Ravache
Joinville – SC, BRASIL