Busco o amor como fazem os sedentos
Que à fonte lança-se no oásis do deserto
Com avidez, trôpegos passos e gestos lentos
Dele me sirvo, me revigoro e fico perto.
Busco o amor como fazem os miseráveis
De alma, em busca de mirra, incenso e ouro
Com olhos cheios de ambição inconfessáveis
Como se este fosse o meu maior tesouro…
Busco o amor como fazem os esfomeados
Que sem convites comparecem aos banquetes
Lívidos de fome e se sentindo ameaçados
Faço questão até das sobras que vem destes.
Busco o amor como fazem os desabrigados
Por um espaço para estender seus papelões
Sob as marquises ou em prédios abandonados
Quero um cantinho em um peito sem salões
Busco o amor como faz uma alma solitária…
Procurando noutra seu par mais que perfeito,
Reconhecendo-a no que me torna identitária.
Busco o meu eu que doutro eu se fez afeito.
Por Adriana Ribeiro
Sergipe, Brasil