Seríamos seres flutuantes, como um rio?
Seres feitos de tempo, em eterna transformação,
como um rio que corre, sem nunca chegar?
Sem nada a perder nos embrenhamos nesse mundo que,
por não ter uma forma, assume todas
Me deixando sem palavras, sem rosto, sem ser…
Apenas o espanto da metamorfose constante
e da busca contínua da sua sombra na água,
antes de você se tornar alguém diverso
Antes de submergir mais fundo
Lá onde todos os tempos e todas as vozes se escondem
mas nos alcançam e ordenam acompanhar as curvas e cadências sem fim,
no caminho sinuoso desse rio.
Mesmo sem encontrar, sempre vou lembrar da voz que é sua
Dançando no tempo suspenso e escorregadio
Gritando para o meu espírito. Confortando a saudade
Emergindo no meu pensamento. Sorrindo para o meu sonho
Até uma sobreposição dos nossos novos rostos
Correndo. Sem nunca chegar…
Por MARINA ALEXIOU
São Paulo – São Paulo, Brasil