De onde chega essa voz?
De onde chega esse som?
Vem da noite inquieta
que agora me cobre.
Lá fora a agitação
aqui dentro o silêncio
e em meu ser presente
o amargor da solidão
da ausência de teu ser.
Meu sono é atormentado
e balança como as ondas do mar
levando-me
trazendo-me
abandonando-me.
O vento conduz-me
para a profundeza da treva
onde gemo a angústia
de meus caminhos roubados.
Como esquecer?
É a vida passando, esquecendo-me,
arrastando-me para longe…
longe de ser o que sou.
De onde vem este sorriso,
que desaparece com a tristeza?
É preciso esquecer para ter vida
e não lembrar se quiser viver.
Estou vivo (ainda)
e por isso sofro,
pois sobre mim caem os fracassos
e deles, deixo traços de lágrimas
por onde passo; no entanto,
ninguém os enxuga.
Sinto o calor da chama que me queima,
mas ela logo se apaga.
Misericórdia Senhor!
Ai dos escravos da vida!
De onde venho?
Talvez do amor que não mais existe;
da lista dos desaparecidos:
chamam-me de sentimento.
Por BERNARDO SANTOS
São Caetano do Sul – São Paulo, Brasil