Fecha os seus lindos olhos castanhos
Faz de conta que eu estou aí
Bem do seu lado
Segurando as suas mãos macias
Como uma criança segura o pirulito
Fecha os seus lindos olhos castanhos
Faz de conta que eu nunca parti nas asas do vento
Que os seus lábios carnudos
Não são viúvas dos meus lábios hidratados
Fecha os seus lindos olhos castanhos
Faz de conta que eu estou aqui
E aí ao mesmo tempo
Que a minha imagem
Vai até onde as suas lembranças alcançam
Fecha os seus lindos olhos castanhos
Faz de conta que as minhas mãos
Escalam os montes do seu corpo
A minha língua nos lugares inóspitos
O meu algodão doce nas suas entranhas
Fecha os seus lindos olhos castanhos
Faz de conta que eu quebrei uma das suas costelas
Que é verão sob o meu abraço
Faz de conta que eu beijei a sua testa
Antes de alçar voo com as aves migratórias
Que me levaram para bem longe do seu coração
Por FERNANDO MANUEL BUNGA
Uíge – Uíge, Angola