Fio
Há um fio desfiado.
Há um nó desatado.
Solto da sua meada.
Há uma cor desbotada em sua ponta.
Sua estrutura parece frágil, mas quem ousar o puxar
Desatará vários nós.
Quem rendou e o selou ali?
Aquele fio, tão destro, solitário por hora, ainda aquece algo comum.
A tinta que percorre sua extensão ainda não o soltou.
Aquele fio que nasceu e se afrouxou no caminho,
Se perdeu na estrada, encontrou o vazio.
O vão estava ali!
A espera do nada, poderia o engolir?
O fio em sua minúscula existência, ao ser comparado aos rolos de lã
e suas artesãs, seria mais um fio que precisaria de manutenção? Não mais serviria?
Em um dia normal decidiram por vez, que aquele fio deveria ser cortado. Ceifariam uma parte da sua extensão.
Aquele fio, deixaria de existir em parte,
Poderia ser remendado com outro fio?
Uma nova versão?
Transfiguraria em sonhos e desilusões?
Imaginaria talvez, que ao invés de ser apenas fio, costurariam uma
tapeçaria fina?
Que sabe a sua sorte seria de alinhar-se bem, em construção de um casaco e por
grande sorte aqueceria o coração de alguém…
Quem sabe ao certo os sonhos de um fio?
Apenas sua existência poderia dizer os caminhos que percorreria, na
simplicidade do ser.
As vezes pensava, que a sua felicidade estava antes,
Quando sentia o calor das mãos destras e volúveis, daquele trabalho
repetitivo de tecer.
Por fim,
A vida.
Por ALÍCIA OLIVEIRA
São Gabriel – BA, Brasil