Flutuar pela tela sem perder o compasso
breve e singular mesmo que haja atraso
E em meio a correntes no riacho que vibra
Buscar pela nascente do Rio das tintas
Badaladas estão em chamar a que veio
Por um minuto talvez, minuto e meio
Hesitante, estaca em passar adiante
Ou ficar por inteira na tela inquietante
Afeita e tardia a esperança é veloz
falando alto força, vá não perca a voz:
És uma adolescente no veio do peito
Ternura e beleza a desaguar ao inteiro
No prenúncio das horas e imaginação
Bate o pincel na tela e não perde a mão
O desejo é frear controlar o que pinta
Mas a lida e tão solta, a paixão infinita.
Veia rude dilata bem no alto da fronte
És mais forte que eu vá e passa adiante
Mas permita fixar um tanto das benditas
Cintilações e colores com leves batidas
Tardia a estela reluz na ampliação
Debruçada nas asas da imaginação
Enfim fala o retrato na tela que pinta
Mente liberta e nobre no rio das tintas
Por MARLI MARINHO
Niterói – RJ, Brasil