Nossas asas eram nossos sonhos,
Nossos pés, mesmo no chão, aspiravam aos céus,
Éramos natos sonhadores, unidos por Morfeu.
Mas, de repente, como num prelúdio de um perpétuo adeus,
De mim fostes levado por devaneios teus,
Logo, alçaste voo egoísta, para além do meu alcance,
Então vi, de relance, tua imagem esconder-se nos limites do horizonte.
Ícaro, Ícaro…
Hoje, em meu canto, na ausência da tua companhia,
Perdida em memórias, lamenta a minha alegria,
Para onde fugiu aquele que, um dia, asas comigo construiu?
Procuro-te, confesso, nos céus de agora, e luto contra esta dor que só piora,
Talvez eu me erga, deste chão que ruiu,
Até não mais padecer por causa da tua ambição,
Que um dia te consumiu.
Por DOUGLAS GOMES
Abaetetuba – Pará, Brasil