O inverno veio à espreita e sorrateiro.
Ouvi na voz dos ventos suas vaias.
As sombras vi mudar dos pés ao peito
e as folhas sobre o chão eram alfaias.
Juízo sopra forte, sem alento
– castelo esfarelado pela praia.
Medo ordinário. Dúvida que leio
nas janelas por onde o sol não raia.
Haverá luz atrás das nuvens onde
escondem-se o abalo e o desagrado?
Será? Virá a luz do mesmo lado?…
Escuto, mas a areia não responde…
Então espero que o inverno cale
antes que a sombra ao peito me apunhale.
Por LEANDRO CARVALHO
Praia Grande – São Paulo, Brasil.