Neste arrastão de peixe algum
A pesca das palavras
São anzóis
Corpos dobrados sobre as águas
Reflexo de dores exauridas
Iscas de sabores campestres
Que as humanas hostes
Soletram à caverna do tempo
Irrisório
Cadavérico
Sombras que a linha tensa
De uma gargalhada inaudível
Transforma em ritos
Gritos
Lamentações de muros inadiáveis
Adiadas que são as preces
Orações sem orações
No dilúvio dos peixes cansados
Almas que o desejo fustiga
Que a morte encanta
Nas mãos do pescador
Vesúvios de júbilo
Danças de canseira
Sargos de sorrisos
Pargos de lamentos
Horas de ociosidades
Nos olhos feridos
Da vida por viver
Soluçam os peixes
Lágrimas humanas
Na pesca do futuro.
Por RENATO CRESPPO
Biella, Piemonte, Itália