I
Abro este livro em branco.
Com palavras o visto
Sem que a moda o teça.
Com pincéis de vida o pinto
Sem as cores sombrias
Que o silêncio afaga.
II
A capa são estes dedos
Feitos de palavras mortas
A que o fogo do tempo
Gera a água de luz
Que lhe cega a sede
E lhe morde a morte
Com os dedos do vento
Que acordam o encanto
À escrita que perfumo
Co´o hábito do alfabeto
E o desenho da idade.
III
Livro que foste deserto
E, em carne viva, cresceste,
Como poesia de pranto
Que se esconde do dia
E floresce à noite
Mal a fonte embebeda
A memória do corpo.
Por RENATO CRESPPO
Biella, Piemonte, Itália