Sem ti…
De certeza que o vento jamais sopraria
ao meu encontro
Jamais teria conhecido a natureza
E seus maravilhosos mistérios
Mãe
Jamais teria visto o azul dos céus
O verde das plantas
A rosa das flores
O vermelho das rosas
Ou mesmo o branco das pétalas
Se o teu amor não me guardasse
O sol,
A lua,
As estrelas
E outros grandes e pequenos astros da
galáxia
Todos eles e outros seriam contos e
fantasia
Ou melhor – seriam trevas no mundo
dos fetos
Se o teu grande feito
Não me jogasse fora para contemplar
E testemunhar a existência do ar
Mãe!…
Essas pobres letras
Esforçam-se para escrever o teu
grande amor,
A tua simpatia de mulher-mãe,
Os teus carinhosos beijos,
Teus adoráveis abraços
Ou simplesmente teu colo incomparável
Mamãe!…
Sinto lágrimas por perto
Quando é para falar ou escrever de ti
Lágrimas sem tristeza
Sem angústias
Sem dor
Que saiem do mais íntimo de mim
Atavessam lembranças
Atravessam amor, carinho
Outra vez atravessam amor
E trazem consigo emoções,
Sorrisos
E saudades que sussurram teu nome
Tua imagem
E teu ser mãe
Mamãe!…
Dentre os melhores poemas que se
pode escrever sobre ti
Decidi não escrever – por não saber
Dentre as melhores palavras que se
pode soletrar para lhe definir
Decidi não fazê-lo – outra vez por não
saber
E dentre as melhores cores que se
pode pintar o teu coração
Decidi deixá-lo em branco – por não
saber a verdadeira cor dos céus
Mãe!…
Minha mãe
E todas as mães
Sou vazio
Tanto quanto os raios do sol
Que atravessam o dia,
A luz,
O céu…
Para retribui o vosso amor
Nem mesmo em migralhas
Sou capaz
Por isso,
Continuo esta minha carta
com lágrimas
Que não serão escrita
Nem desenhada
Talvez sentida
E assistida.
Por Alegria Mauro
Saurimo, Lunda-Sul, Angola
