Maravilhoso devaneio
Cálice que transborda cheio
E suas esbeltas quimeras
Amores de noturnas eras
Meu peito ensanguentado cura
As fabulas, ilusões puras
Encantando o homem sonhador
Cujas mãos recolhem amor
Oh, sonho, presente divino!
Dos amantes, és belo vinho
Dos sofredores nobre fantasma
Coração de uma nova casa!
“Existe esperança?” Perguntam
Infelizes nas noites brunas.
Onde moram os diamantes
Surgem os cânticos vagantes.
É que não sonham os malditos
Que não se entregam ao Infinito
Agarrados na perdição
Não se salvam o coração
És, sonho, esse grande descanso
Que retira dos olhos pranto
Presente nos dado por Deus
Para enfaixar os choros meus
Quão dorido é o despertar
Que chega depois do luar
Quão sofrido é o céu diurno
Com sua cor: azul profundo
Que retira-me dos teus braços
E joga-me no poço largo
Até a chegada do arrebol
Que novamente engole o sol
Admiro assim o lusco-fusco
Que te traz para o nosso mundo
Pois sem sonho, o que restaria?
Dor, repulsa, melancolia!
Por JOÃO ELIAS
Olinda – Pernambuco, Brasil