Ontem as ruas
Conheceram meus pés
Que nunca se cansavam
De passar por elas
Quando as paredes do quarto
Não mais me ouviam
Nem os lençóis me abraçavam
Elas foram meu refúgio
Às vezes de pés descalços
Por ela eu jorrava lágrimas
Desde o meu íntimo…
Testificaram
O sofrimento dos pés que queriam andar
sem fim
E de um coração
Que quis perder-se ali
Ruas amigas
Que foram conforto meu,
Que para minha perdição
Elas guiavam-me para qualquer direção
Esquerda
Direita,
Até a curva
Melhor do que eu
Conhecem minhas andanças
No álcool elas mostraram-me esperanças
Na embriaguez a vingança
Para mim
Tinhas um sabor doce
Contigo eu tinha tudo
E também nada.
Por GERLINA R.L. EMÍLIA
Angola, Província Lunda-sul, Cidade Saurimo