Já não se ouve o Drummond
Com ouvidos atentos
E as pedras no caminho
Parecem obstáculos
Já não inclinamos os ouvidos
Às frases de Lispector,
É preciso ter certeza que amar é sentir…
Já não lemos Florbela Espanca
E deixamos para trás o amor, a saudade
E até a boa solidão…
Já não estamos atentos a Leminski
Que despojadamente fala um pouco
De cada um de nós…
Já não é habitual escutar o som de Quintana
Que das coisas simples
Se fez beleza…
Já não se atenta a Varela
Que de modo bucólico discorria a natureza
E anunciava os problemas sociais…
Já não pensamos no Alves,
O Castro condoreiro
Que também anunciava a beleza feminina…
Já não importa o Vinícius
A bossa nova que exaltava o amor…
Já não encontramos com Gullar, Bandeira,
Barros, Meireles, Hilst, Coralina
E a Elis que mandou dizer:
“ Já não somos os mesmos…”
Por NEILTON MULIN
São Gonçalo – Rio de Janeiro, Brasil