Para ti, meu amigo, confesso-te!
Não sou poeta de nada!…
Não sou nada!…
Somente surfo em sua onda – sou surfista
Como você. Surfar em sua mesma onda
É fácil e leve – jamais surfei sozinho.
Construí o meu mundo vivendo o seu.
Rasguei o meu mundo e não encontrei
Poesia – são palavras emprestadas…
Quando me falta poesia – abro a boca do
Meu “eu lírico” e retiro palavras…
Quando me falta flores caminho pelos
Vales poéticos e colho os primeiros lírios
Nascidos para brilhar.
Quando tudo fica na penumbra como o breu
Do vale da morte;
Quando o meu “eu lírico” não mais pode
Socorrer-me, então lembro de que o caráter
é a vestimenta da alma.
Eu evoco. Evoco as palavras, evoco as flores –
EVOCO A POESIA
Por ANDRÉ FERREIRA
São Paulo – São Paulo, Brasil