Neste momento de paz, tão quieto
vejo luzes e cores brilhantes
pensamento distante…
longe, longe da terra
um copo atrás outro
não importa se há vinho ou cerveja
os angolanos cantam saudades
não há maruvo, nem mufete
um Natal longe, longe da terra
Um Natal vivido nos versos
dos sonhos artesanais
na simbiose de sons culturais
no eclodir de vozes culturas se entrelaçam
braços se abraçam
Longe, longe da terra
Um copo atrás outro
sentados recordam o Natal na terra
Até fazia chorar
mesmo assim cantam e tocam
sem marimba, nem quissanje
Longe, longe…
De pés firmes no chão
Batucam sem descansar
Sem funje, sem pirão
não há muamba, não há kizaca
para matar a saudade do coração
longe da terra
Num Natal distante da terra
recordam palmeiras do Mussulo engalanadas
esteiras distendidas à sombra da mulemba
memoram tradições, a firmeza do soba
festas da Ilha, a nossa Kianda
o quimbanda na mafumeira
as danças vaiola, Kilapanda
e o semba ritmado
tudo ficou longe, longe
Um Natal distante
das noites nas fogueiras
saudades das canções de roda
saudades de Luanda, das Lundas,
da Praia Morena, de Cabinda ao Cunene
toda a terra inteira cheia de luz
e um Natal da saudade
por estar longe, longe da terra.
Por EGNA DE SOUSA
Pretoria – Guateng, Angola