A neve caía suave cobrindo o mundo
de branco como um manto
que silencia o caos.
As luzes piscavam nas janelas, douradas e
vermelhas, prometendo calor e esperança.
Dentro das casas, risos e vozes.
O estalo da lenha queimando, as mesas postas,
presentes envoltos em papéis coloridos,
esperando serem descobertos.
Mas do lado de fora, onde o vento uivava solitário,
havia outro silêncio. Um silêncio feito de sombras,
de rostos que olhavam para as estrelas,
buscando respostas ou consolo.
Um homem caminhava…
Suas pegadas logo desapareciam,
como se nunca tivesse passado por onde andava.
Os olhos brilhavam, não de luzes ou festas,
mas de memórias que se perdiam.
De tempos idos, de mãos que já não seguravam as suas.
Ele parou diante de uma árvore, erguida,
alta, no centro da praça. As luzes refletiam em seus olhos,
mas seu coração não sentia o brilho.
O mundo estava ali, festivo, mas ele, estava em outro lugar.
Um lugar onde os sons da festa não podiam chegar.
No céu, uma estrela cintilava, mais alta, mais distante,
como uma promessa vaga.
Um desejo antigo esquecido no tempo.
Era Natal.
E, ainda assim, nem todos estavam em casa.
Por MARIA LÚCIA
Ottawa – Ontario, Canadá
