o diabo mora nos detalhes
assim dizem desde priscas eras
pensando e repensando à luz da tequila
sacramento eu, divagosamente
deus também mora nos detalhes
quem conhece o diabo conhece deus
os dois são iguais
ou semelhantes
com objetivos diversos, controversos
questão de perspectiva
questão de estimativa
tudo mora nos detalhes
é melhor aceitar
ou teremos problemas, deveras
e por que não também o amor
o ódio e o terror
são detalhes com detalhes e mais detalhes
quem mora aqui mora acolá
a vida é um eterno detalhar
um constante indagar
eu nem sei por que rimo
eu nem sei por que escrevo
eu nem sei por que insisto
estamos perdidos em meio a feras
tão disfarçadas que não as conhecemos
tão conhecidas que não as percebemos
o diabo, cansado, já desistiu
deus, nem se fala, já partiu
restaram os detalhes, as minúcias
que ninguém explica
abstração que nos complica
desafinada anda a música das esferas
nos detalhes poderia estar a verdade
o que se encontra são porções cavalares de absurdidade
rimas ruins que roeram a roupa do rei da razão
poema insone, insosso, cabuloso
infestado de doenças almáticas
impregnado de procuras fleumáticas
enquanto isso
a mariposa procura seu espaço no meu quarto
e as certezas se tornaram infindáveis esperas
Por JOSÉ MANUEL
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, Brasil