Diz-se que a poesia
é a expressão da alma do poeta.
Ledo engano:
quantos poemas de amor não foram escritos
justamente para tentar senti-lo
em momentos reclusos em que o poeta o é incapaz?
Os mais belos poemas são a tradução
do que se passa no íntimo do poeta, é verdade.
Mas enquanto não se passa nada,
enquanto o que se sente é vazio,
tentará ele escrever versos soltos que apreendam
esse algo que se esconde,
essa coisa que nos foge
talvez desesperada que o nada que nós somos
possa corromper o todo que ela é.
Por RODRIGO BANDEIRA
Juiz de Fora – Minas Gerais