Por ora, quero voz
Já que toda vez é do outro.
Por ora, quero ser eu:
Eu- livre, eu-minha, eu- do meu gosto.
Por ora, cantar o que não é cantada
Por ora, contar o que não é piada
Sem paradigmas: no corpo e rosto.
Por ora, pelo menos
Quero sentir o gostinho do prazer
Das delícias, de deliciar-me
Na liberdade do meu ser.
Por ora, vestir-me como quero
Sem temer o que sempre espero
Nas vielas cotidianas do viver.
Por ora, cantar a minha canção
Seguir os meus instintos.
Por ora, dançar sozinha
Sem rodeio de olhos famintos.
Por ora, poder ecoar
Minha voz e o que eu desejar,
Já que toda vez são retintos.
Toda vez é o mesmo grito: mudo.
Toda vez é a mesma mordaça.
Toda vez são as mãos grossas,
Dilapidando corpo e carcaça.
Toda vez é choro oculto
Do “não pode sair sem grupo”,
Toda vez é a mesma desgraça.
Toda vez acontece,
E não importa o lugar!
Toda vez na rua,
Toda vez dentro do lar.
Toda vez na universidade,
Toda vez na maternidade,
Toda vez conseguem se safar.
Por LORENA CLARICE LIMA DOS SANTOS
Conceição do Jacuípe – BA, BRASIL