Quando foi
Floresci
ou me atiraram o buquê cravado no estômago
talvez uma vingança divina
balança cármica, pelos risos excessos
talvez motivo algum
outro passo na dança aleatória dos astros
meu signo de sagitário
Agora ando na corda dividida em duas
meu péssimo senso de equilíbrio desde criança
Premonição
As petúnias inclinam atrás de uma luz particular:
sol ou lua
e assim me conduzem
Agora…
Agora já é tarde demais
Os caules veias externas minhas
do meu corpo, no meu quarto, com meus ventos
mudam a direção muito rápido
muito coração
Agora é mesmo já meu demais
Estas flores que ora triunfam apodrecidas
nada me apraz além da morte
vencer como as minhas petúnias…
o sono eterno mas temporário
apenas um dolorido descanso
Ora acalmam em cheiros vibrantes
amarro um planeta todo e não cogito
quanto tempo segura
não importa
Importa o segundo, sempre o instante
Não olhar pra baixo
Não temer o próximo passo em falso
E a queda…
em outra linha, quem sabe
se Deus quiser
Com flores e caules pela estrada
vou firme no jogo cruel da minha faca
no equilíbrio
essas petúnias inarrancáveis
não me deixaram um capricho
não há portas neste cenário
Levo regador até quando aguento o peso d’água
até quando
vai
rego a cara
e não penso muito:
por que eu?
Por ELISA CALADO
São Paulo – São Paulo, Brasil