POETAS E POETISAS Quando o rouxinol se alenta por Ricardo Zanela

POETAS E POETISAS Quando o rouxinol se alenta por Ricardo Zanela

(I)
Quando o rouxinol se alenta
E regressa a florescência
Co’o verde, azul e magenta,
Como Jaufré sinto a ausência
De dama em longe pertença
Nem da Germânia ou Provença,
Mas no merídio domínio
Em plena ansa de gramíneo.

(II)
Azo em mil cento e sessenta
Me dera asas e a tendência
De amar senhora cruenta
Co’ardor e a resiliência,
Mas ribeira em má nascença
Não será rica ou extensa
E vasta em verde domínio
Nem maior que meu fascínio.

(III)
Nunca a vi, mas me apascenta
Tanto com vossa aparência
Que nas vezes de tormenta
Fabulo em minha dormência
Com casamento e com tença,
Com vosso amor e mantença
Vista no alegre fascínio
Contra o difícil desígnio.

(IV)
Pela terra nevoenta
Me dirijo à deprimência
Quando de noite me aventa
Aura fria de plangência,
Fria aura que não me avença
De manter igual valença
Para tê-la em meu domínio
Usando um preto véu líneo.

(V)
Em desejo encontro amenta
Que não lembro mor urgência
Além de ater a ciumenta
E a malavinda carência:
Querida, por grande crença
Faço ao cortejo defensa
Por seus lábios curvilíneos
Sem estorvo ou escrutíneo.

Por RICARDO ZANELA
Campo dos Goytacazes – Rio de Janeiro, Brasil

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