Vi um violinista sendo abordado no metrô.
A norma proíbe qualquer tipo de negócios no meio das linhas.
Tocar violino e sair pedindo contribuições é um negócio.
O violonista altercava e tocava notas de música clássica em protesto.
Veio um guarda. Veio outro guarda.
O violinista argumentou com os guardas e o público.
Os guardas argumentavam com o violinista e o público.
Após três, quatro estações, vieram mais guardas,
levaram o violinista, seu violino, sua caixa de som,
Para fora do trem.
Ganhar a vida é difícil.
Manter as normas do trânsito e das linhas de trem é difícil.
A vida do público é difícil.
Em algum momento aquele, ou outro violinista,
ou um trompetista, ou um saxofonista, ou um tocador de bongô, ou um beatboxer,
Vai tentar entrar nos trens de novo com música não permitida.
A vida está difícil.
A vida do público, dos guardas, dos tocadores de todo tipo de coisa está difícil.
Não é fácil.
Por NÍCOLAS OLIVER
Salvador – Bahia, Brasil
