O tempo gruda
e mancha as paredes
deste lar.
Volto e retorno à palavra úmida,
à montanha feia,
à obrigação mútua;
Lembro-me de tudo
como se ainda fosse.
Deixei de ser, pois escolhi o atalho
mais rápido
para chegar, enfim, à veia da vida.
Aqui há lapsos de amor,
há o cheiro de
chuvas doces,
de vidas intactas,
da calmaria de janeiro.
Faço questão de ir te ver;
Você respira fundo
e leva consigo o peso do mundo.
Me desfaço na beira
do teu colo
que abriga os anos
que se passam,
os oceanos que te balançam
e o tempo que não volta.
Ao distanciar-me novamente
deixo para trás
a vida que foi
e que se contorce
para que eu volte
Por FLORA CARVALHO
Berlim – Berlim, Deutschland