No olhar, um enigma se revela,
A tela da visão, uma história singela.
Manchas que dançam, num balé sem cor,
Segredos no olhar, uma sombra de dor.
Pintor invisível, sobre a retina traça,
A doença sussurra, sua marca se enlaça.
Quadro embaçado, o mundo distante,
Stargardt tece, um destino constante.
A luz desvanece, como estrela a findar,
Visão desliza, sem aviso, a naufragar.
No horizonte escuro, o futuro se esconde,
Céu da retina, estrelas que se escondem.
Caminho incerto, na penumbra do olhar,
A esperança, uma vela a se apagar.
No silêncio das cores, um lamento se esvai,
Stargardt, o poema triste que a retina trai.
Por JEANE TERTULIANO
Campo Alegre – Alagoas, Brasil