Homenagem á Elza
Eu tenho uma música preferida dela.
Chama-se Deusa do Rio Níger.
Não sei se muita gente conhece.
Para mim, traz muitos sentidos…
Elza é um arquétipo da feminilidade.
Associo essa canção a essa força e sedução feminina .
Esse encantamento que envolve mente e corpo num só balé.
Quantas vezes sonhei que era vento ouvindo essa ode para Iansã?
Uma voz incrível, uma mente brilhante.
Elza foi brasa mesmo na brisa.
Naturalmente ela chegou ,
fez tempestade, ventania e alvoroço na cultura e na
mentalidade. Despertou vulcões maldosos e
foi desobediente.
Insubmissa!
Lutou, sobreviveu, amou, cantou…
Carregou água no cesto.
Naturalmente, se recolheu.
Retorna.
Não esperou o fim dos mundos!
Muitos mundos estão chorando.
Elza,
marca uma era e se eterniza.
Encanta-se e torna-se ancestralidade.
Altivez, firmeza e poesia compuseram sua luta, sua voz , seu corpo.
Eu aprendi muito.
Eu sinto muito.
Canto e danço em sua honra.
Louvo a força que representa, a Deusa do Níger.
Elza Soares foi uma das maiores artistas do Brasil. Nascida no Rio de Janeiro em 1930, faleceu em janeiro último, também na cidade Maravilhosa. Durante 60 anos foi cantora e compositora a influenciar diversas gerações. Atuando em vários gêneros musicais, desde o samba, até o jazz, passando pela bossa nova e MPB, além de namorar com o soul.
A despeito de uma vida de sofrimentos e vulnerabilidades, explícita nos marcadores de raça, classe e gênero, Elza Soares foi uma grande diva da música, inclusive eleita a cantora brasileira do milênio em 1999 pela BBC de Londres.
Por RENATA LIMA
