Hoje é domingo. Sempre achei os domingos melancólicos e vazios. Prefiro apenas passá-los em introspecção, com músicas e pensamentos habituais. Mas quis fazer diferente. Coloquei uma música animada. Dancei. Suei e cansei. Sorri. Não faria desse dia um domingo triste. Peguei um livro de prosa e embalada pelo aroma dele me embriaguei nas palavras, me emocionei e subitamente senti um arrepio mesmo num dia de sol. Percorreu meu corpo inteiro. Abracei meu corpo e segui lendo. Mais sensações. Mais sentimentos e o arrepio persistiu. Fechei os olhos e me perguntei: é você? Eu posso sentir que sim. Convidei para adentrar a janela e amenizar o frio repentino do meu corpo, afastei o cabelo do pescoço e me encolhi pra receber o seu abraço. Hoje não tive notícias suas. Não sorri com o seu bom dia e ontem senti certo vazio e tristeza. Mas respeitei e hoje, te lendo em papel físico, posso dizer que nunca te senti tão presente, a prosa na palma de minhas mãos e o aroma agradável do seu perfume invadindo meu olfato e me fazendo aspirar cada página lida.
Decidi que não deixaria meu domingo ser triste ou monótono como os demais e resolvi me sentar com as pernas cruzadas, no conforto do sofá e com as janelas abertas me permiti sentir o vento do dia e esse vento me trouxe você por uns instantes. Mesmo que breves, eu senti no primeiro arrepio e por isso me encontro sorrindo e com o pulso acelerado. Não sei de nada da vida. Não sei do amanhã e muito menos de mim. Mas sinto coisas e sinto muito delas e quero sentir nós, mesmo que não sejamos personagens de livros ou filmes com um final feliz. Sem padrões, sem limites ou rótulos, quero nós sem desfazer ou apertar demais o laço. Quero apenas ser aquela que te acolhe e assim me acolho no sentimento que faz meu coração dançar alegre dentro do peito. Hoje você se fez prosa viva em mim..
Por CACÁ MATOS