PROSA POÉTICA – Lou[cura] por Mari Ventura

PROSA POÉTICA – Lou[cura] por Mari Ventura

 Poucos são @s louc@s assumid@s, @s de mentes habitadas por delírios,  @s de coração partido e que ainda assim não tem medo de se entregar; @s que não sabem quando parar, se sustentam nas próprias insanidades, e mesmo sem entendê-las seguem no mergulho; @s que são apontad@s como descrentes, mas que entendem a solidão, e ainda assim acreditam na vida e seguem com os olhos lacrimejando; @s que são considerados inadequados, mas sabem conduzir com as nádegas as piores situações, fazem o jogo de cintura acontecer, rebolando sincronizado com suas imperfeições; @s que são interpretad@s como impur@s por não ter um ritual religioso, mas que respeitam e glorificam cada segundo da vida e da criação, vem a vida pulsar nas teias de aranhas, na algazarra dos pardais, no gole de café, nos tropeços que os fazem cair e prestar atenção nos abismos de si, e escancaram às suas feras quase indomáveis; @s que sabem que não são deus@s nem tem intenção de ser, mas sentem o sagrado enquanto o sangue corre nas veias, seja na dor ou no prazer.

Por MARI VENTURA

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