J.B Wolf
Poeta, Escritor e Bardo
ENTREVISTA:
1
REVISTA THE BARD: Se seu nome fosse um verso, qual seria? O que te lançou nesse abismo chamado prosa poética?
J.B WOLF: “Eu, silêncio moldado em palavras.” Lançou-me o momento em que o mundo tornou-se insuficiente para conter aquilo que sentia. A prosa poética é o abismo onde o verso e a narrativa se encontram e desabam juntos, uma queda que transforma o peso da existência em algo suportável, quase belo.
2
REVISTA THE BARD: O que na prosa poética te vicia a ponto de não querer escapar?
J.B WOLF: O vício está em sua liberdade indômita: palavras que dançam sem normas rígidas, como flores crescendo entre rachaduras. É o poder de criar imagens que transcendem, costurando o palpável ao etéreo, onde cada página é um suspiro inacabado, uma tempestade prestes a desabar.
3
REVISTA THE BARD: Se sua escrita fosse um espelho, quais temas refletiriam quem você é?
J.B WOLF: Refletiria a vastidão do tempo e seus fragmentos que resistem. O amor como força e ruína, a solidão fértil que é lar de epifanias, e o mistério da existência ao qual me curvo. Minhas palavras seriam um espelho onde o leitor não apenas se vê, mas questiona aquilo que julga enxergar.
4
REVISTA THE BARD: Há um autor ou uma obra que te fez transbordar para esse gênero ou sua escrita nasceu do caos?
J.B WOLF: Charles Pierre Baudelaire, com sua prosa sensorial e densa, moldou minha escrita em Prosa. Em “Pequenos Poemas em Prosa”, ele transita entre o sublime e o grotesco, capturando a beleza velada no caos urbano. Sua habilidade em unir lirismo a cenas mundanas me ensinou que cada palavra tem o potencial de ser um espaço onde o banal torna-se arte absoluta.
5
REVISTA THE BARD: Como você borda lirismo na narrativa sem se perder nos fios?
J.B WOLF: É um equilíbrio delicado: ouço o sussurro da narrativa e permito que a poesia seja o ar que a alimenta, mas nunca o que a domina. O lirismo é a linha invisível que prende a atenção — nunca deve ser um laço que sufoca, mas um fio que mantém o leitor suspenso entre dois mundos.
6
REVISTA THE BARD: Qual sensação ou pensamento proibido você espera tatuar na mente de quem te lê?
J.B WOLF: O proibido que anseio gravar é que o medo do desconhecido não é o maior limite: o verdadeiro abismo é temer a profundidade dos próprios sentimentos. Quero que sintam o peso da existência, mas também sua beleza interrompida, e percebam que até o vazio tem suas cores.
7
REVISTA THE BARD: A prosa poética é um segredo bem guardado ou um tesouro ignorado? O mundo está pronto para ela?
J.B WOLF: É um tesouro que muitos temem, pois exige que sintam, não apenas leiam. O mundo raramente está “pronto”, mas acredito que a prosa poética está sempre esperando nos interstícios da pressa — é um entrelaçar de palavras que convida à pausa e à descoberta.
8
REVISTA THE BARD: Seu processo criativo é uma dança planejada ou um ritual de entrega ao desconhecido?
J.B WOLF: É um ritual ofertado às forças do imprevisto. Começo com uma fagulha — às vezes imagem, às vezes aroma de memória. Daí, deixo-me levar como quem atravessa um bosque sem trilha. Planejar seria violar a espontaneidade do encantamento; escrevo para descobrir o caminho.
Por JEANE TERTULIANO