Em um segundo tudo se vai, escorre pelos dedos, liquefaz. Momentos são como folhas no vento, rapidamente carregadas, flutuam e vão embora. Sua efemeridade é sua raridade e vale o que se vive dentro de tais horas.
A ampulheta da vida escorre rapidamente, mas as boas coisas da vida se vive lentamente, se aprecia demoradamente, sem pressa de acabar.
É difícil sair do piloto automático e desfrutar dos detalhes que são tão mágicos: o sorvete gelado num dia ensolarado, a fumaça do café que embaça a lente dos óculos, o sabor de um beijo calmo e saudoso, dançar descalço.
A Terra girando cada vez mais rápido, os relógios descontrolados e a tecnologia nos tornando seus escravos. O avanço da ciência explodiu e a relação humana ruiu. Quanto mais modernidade, mais se afastam da família. Enquanto a natureza queima em agonia e grita por sua vida. Manda avisos e o ser humano ignora, a humilha, judia e subestima, mas ela se vinga, pois toda ação tem sua reação, está na Lei de Newton.
Quem para no meio da correria hoje em dia? Pra desejar um bom dia, pra fazer um elogio, se demorar num abraço, amarrar o sapato…
Colocaram prazo de validade nas relações, não se vive mais uma paixão como antigamente, status é mais importante do que viver o sentimento, angariar likes que não traduzem afeto ou interesse, tudo é mais interessante nas redes sociais, a grama do vizinho é sempre mais verde, mas quem realmente enxerga, vê que está morta ou seca.
É preciso abraçar a vida, vencer a corrida contra a robotização da rotina, abandonar a monotonia, amanhã pode ser o seu último dia e aí, eu te pergunto, você viveu a sua vida ou apenas uma expectativa?
Por CACÁ MATOS
