Acordei. Tomei café. Fui observar a janela. A rotina tem sido a mesma, já não desejo as mesmas coisas, já não me contento com o que faço. Há uma voz dentro de mim gritando que preciso recomeçar.
Pessoas passam apressadas na rua, o trânsito se acumula na cidade, cigarros, lixo e objetos descartáveis estão espalhados pelo chão. Todo ano parece igual, mas o sofrimento é sempre novo, causado por novas pessoas, perspectivas e expectativas. O velho sentimento de frustração, insuficiência e insegurança se instala na minha mente. A ansiedade acelera meu corpo e abala minhas convicções. Se eu não mudar, tudo continuará igual.
Então, mais uma vez, decido tentar um novo começo, animar-me com uma nova esperança, mudar os ares, a área, ir à ação, me reencontrar. Em meio a muitas tarefas, busco ocupar minha mente ao máximo para não me sabotar. O ócio sempre me foi perigoso, e eu o evito a todo custo.
Quero mudar o futuro, correr atrás dos meus sonhos e viver em paz. Não preciso de muito, mas o básico para viver, a mínima dignidade, está caro demais.
O dia passa cada vez mais rápido, semanas voam diante dos meus olhos e é quase Natal outra vez. Não quero me prender aos sentimentos costumeiros, não quero ficar deprimida e triste. Quero fazer diferente, viver o presente, um dia de cada vez.
Agora, decido aproveitar ao máximo a vida que tenho e estar ao lado daqueles que me estimam. É um novo dia, e novamente observo o passo apressado das pessoas e os carros em alta velocidade, mas desta vez desacelerei. Vou tentar outra vez, resgatar aquele velho ânimo que me faz lembrar que a felicidade é o caminho e que posso ser eu mesma, sem temer a solitude, que agora me cabe tão bem.
Por CACÁ MATOS
