Na sala de aula, onde o conhecimento deveria ser cultivado como uma flor rara, sinto-me acorrentada por grilhões de descaso e desdém, sufocada pela indignação que permeia nosso sistema educacional. Ao invés de promover o florescimento das mentes jovens, somos compelidos a regar as sementes da mediocridade, enquanto a reprovação, outrora uma ferramenta para lapidar o intelecto, foi banida como se fosse uma erva daninha.
A desinteresse pelo verdadeiro aprendizado é um câncer que corrói os alicerces da educação, alimentado pela indiferença do sistema em relação aos resultados educacionais. Nesse campo minado, o professor é relegado ao papel de mero figurante, desvalorizado em todas as instâncias, desde o reconhecimento de sua competência até a remuneração indigna pelo trabalho árduo realizado. Somos tratados como operários de uma linha de montagem, cujo único propósito é produzir diplomas em série, sem levar em consideração a qualidade do produto final.
É uma luta inglória manter acesa a chama do ensino em meio a tantas adversidades. Enquanto a burocracia sufoca minha voz e limita minha capacidade de agir em prol do aprendizado genuíno, vejo o desdém do sistema refletido no espelho de uma sociedade que valoriza mais a aparência do que o conteúdo, mais o diploma do que o conhecimento sólido.
Como posso inspirar o respeito dos alunos quando sou confrontada diariamente com a desvalorização do meu papel como educadora? Como posso transmitir a importância do saber quando vejo que o sistema deseja produzir mentes conformistas e não pensantes?
A indignação queima dentro de mim como um fogo que não pode ser apagado, mas sinto-me impotente diante da magnitude da batalha travada contra as engrenagens de um sistema que se recusa a reconhecer a verdadeira essência da educação.
Por JEANE TERTULIANO
