O sol já anuncia a chegada de um novo dia, pela janela entreaberta do meu quarto é possível ver os movimentos de tudo o que é vivo e corre lá fora.
Os pássaros voando livres entre os galhos, as folhas que dançam suave ao toque do vento, as borboletas que alegram o jardim com suas cores, as flores que dão um toque de vida àquele pequeno grande mundo de coisas bonitas.
Eu observo com cuidado essas pequenezas que são tão normais aos olhos insensíveis do mundo, mas não aos meus olhos de poeta. A esses, nunca.
Eu vejo poesia nascendo em cada detalhe que atravessa minha retina e chega suave ao meu coração. Escrevo um pouco aqui, outro tanto acolá, construo minha casa toda feita de palavras e linhas e frases, com sentimento que saltita feliz entre as páginas de quem me tornei.
A poesia que hoje atravessa meu peito feito pólvora e acende meu espírito em chamas, é a mesma poesia que caminha leve por entre seus olhos e dorme serena nos recantos do teu coração.
Todo poeta é assim, inquieto de si, mas paciente com o mundo. Temeroso com a tristeza, mas esperançoso pelo amor. O choro do poeta rega as palavras que brotam no jardim desse mundo e que florescem, aos poucos, no solo fértil de muitos corações.
A poesia é tão viva em mim quanto o vento que balança suave as folhas das árvores, ou o cantar dos pássaros logo pela manhã, em plena primavera. Eu passo a existir em cada frase solta, em cada página que abriga feliz um esboço de esperança quando nascem as palavras mais bonitas, os sentimentos mais sinceros e a amplidão passa a ser minha morada.
E então, nesse momento, a imensidão passa a ser parte de mim e de quem sou enquanto escrevo.
– Me liberto em cada palavra que ganha vida nesse papel.
Por ANELIZE CAMILA STALLBAUM