Sinto minha alma ferver como há muito tempo não sentia. A vontade de viver agora renasce em mim. Não sei ao certo o que me motiva, se não é a própria vida, que agora pulsa, dentro do antes vazio sem fim. Talvez seja apenas imaginação, não sei, mas sei que algo mudou aqui. Não sou mais aquela de dias atrás. Não sou a menina a quem os demais ditavam ser o que queriam que eu fosse.
Hoje me auto-identifico, hoje sei o que sou e posso explanar quem eu sou. Sou mulher, sou mãe, sou guerreira. Sou a voz que explica àquelas que não souberam falar. Sou uma das muitas vozes nordestinas que o mundo precisa escutar. Mas não sou som, música ou algo assim. Sou os versos, a poesia que existe em mim. Que por muito calar se fez brotar como uma flor de pura beleza, ressaltada em escrita. Sou o poema que você lê, da voz que não ecoou. Sou pequena, sou sinônimo de algo que nunca fui, mas que se tornou. Sou a voz escrita que se autoproclamou.
Por Sônia Santos