Havia em Moçambique uma cidade chamada Lourenço Marques, nessa cidade viviam pessoas que diziam frequentemente a expressão “eu te amo”. Essa expressão era muito usada por muitas pessoas diferentes, outras eram casais, alguns namorados, amantes, famílias até mesmo algumas pessoas eram inimigas, mas todas essas pessoas falavam essa expressão. Mas na verdade suas acções não mostravam realmente o verdadeiro significado desse sentimento. Alguns diziam para obter benefícios, enquanto outras pessoas diziam para suas amadas e amados enquanto se traziam. Até que tornou-se uma conveniência vazia para muitos.
Naquela cidade viviam duas crianças, Guma e Aurora. O Guma, era um jovem sonhador e a Aurora, era uma poetisa que via as coisas além das suas aparências. Num belo dia, os dois caminhavam pelas ruas movimentadas, o Guma expressou suas dúvidas sobre o verdadeiro significado da expressão “eu te amo”.
— Aurora, eu sempre ouço as pessoas dizendo ” eu te amo”, mas será que elas realmente sentem isso? Perguntou o Guma.
A Aurora sorriu, ciente da complexidade do tema.
— Guma, as palavras podem ser poderosas, mas é nas acções que encontramos a verdadeira essência do amor. Acredito que devemos ir além das convenções.
Guma ficou intrigado, e decidiu investigar mais a fundo e, numa tarde ensolarada, colocou a mesma pergunta a um casal de idosos, avó Susana e o avô António, que passeavam pelo parque numa sexta-feira.
— A quanto tempo estão junta vovós? Perguntou o Guma.
— Estamos a 65 anos juntos.
—Yuuuuuu! 65 anos de casal! Admirou Guma. Como vocês conseguiram ficar juntos por tantos anos? Perguntou novamente.
Guma perguntou assim porque ele viu muitos relacionamentos que terminaram muito cedo, logo que casavam e logo que os namorados se conheciam intimamente. A avó Susana com tanta sabedoria acumulada ao longo do tempo respondeu:
— Meu filho Guma, na nossa época, nós aprendemos a consertar relacionamentos quebrados era fundamental, não descartar fora como se faz hoje. O amor é um compromisso, não apenas palavras jogadas ao vento hoje nessa cidade. Muitos de vocês confundem o amor com a posse, o que vocês têm hoje é a posse e não o amor.
Guma ficou empolgado com as respostas e continuou perguntando:
— Então, qual é a diferença entre o amor e a posse?
— O amor meu filho é mais do a posse. O amor é o comprometimento total, onde ambos investem integralmente na felicidade simbiótica. O amor não é um jogo de equilíbrio, enquanto a posse busca a própria felicidade, o que a maioria de vocês fazem, o amor possui uma visão clara, não é cego. A posse é a gaiola em contraste o amor é um vasto oceano, a posse anseia o controlo, mas o amor, o amor busca a liberdade. A posse quer tornar, o amor quer ser. A Posse busca ganhar discussões, enquanto o amor anseia por conexão. Respondeu avô António enquanto segurava a mão da sua esposa apaixonadamente.
Depois dessa conversa com o casal, Guma e a Aurora perceberam que muita gente daquela cidade dizia simplesmente aquelas palavras, e, que faltava o amor entre as pessoas. Eles também perceberam que o que as pessoas chamam de amor hoje, muitas vezes, não passa de uma sombra de uma verdadeira essência, de uma espécie de posse camuflada de amor. E desde aquele dia eles juraram que viveriam se amando pelo resto da vida.
Por AMOIS ANTÓNIO AUGUSTO