RECANTO DAS CULTURAS TRADICIONAIS – E no centro-oeste brasileiro o que é que tem? Tem Siriri, meu bem!

RECANTO DAS CULTURAS TRADICIONAIS – E no centro-oeste brasileiro o que é que tem? Tem Siriri, meu bem!

 O Siriri é uma dança folclórica da região do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul do Brasil, e faz parte das festas tradicionais e festejos religiosos locais. A dança recupera algumas brincadeiras indígenas, adicionadas a ritmos e expressões hispanas e lusitanas. Há quem o compare com o fandango do litoral brasileiro.

 Segundo muitos pesquisadores, há evidências do surgimento do Siriri no período colonial, ligado intrinsecamente à cultura e história do Estado do Mato Grosso, migrando para o Mato Grosso do Sul, onde também foi incorporado ao calendário de festividades.

 Sua manifestação na dança teria, portanto, elementos de influência indígena, africana, portuguesa e espanhola. Ou seja: um caldeirão cultural!

 O festival ocorre em agosto. No entanto, apenas desde 2007 a festa foi confirmada para marcar a celebração das manifestações culturais típicas, reunindo diferentes grupos da região pantaneira.

 O Siriri se dança em pares com formação em círculo ou fileira. Na dança de roda, a coreografia básica consiste em movimentar-se em círculo, batendo-se as mãos espalmadas nas mãos dos dançarinos que estão à direita e à esquerda. Enquanto gira a roda, todos os dançarinos vão respondendo de forma ritmada aos tocadores, que por sua vez conduzem o canto. É uma dança de vários passos, que envolvem bater palmas e pés, estalar os dedos, colocar as mãos na cintura e girar em sintonia. Em alguns movimentos, os dançarinos inclusive parecem estar brincando, de fato.

 Se buscarmos a origem do termo, descobriremos que Siriri é uma denominação dada nessa área do Brasil às formas aladas de cupins, que aparecem em grande quantidade por ocasião da revoada, em geral na proximidade do início do verão. Muitos os chamam em outros lugares de “bicho da luz”, já que se concentram em geral (no início da noite) ao redor de fontes de luminosidade, onde se aglomeram até que perdem força e largam as asas pelo chão.

 É normal os siriris aparecerem quando a temperatura aumenta, mas quando permanece quente por vários dias não. Isso porque, em altas temperaturas, se diminui o tempo de vida alada. Quando esquenta muito, o siriri perde as asas, cai e vira cupim.

 Mas, voltando à festividade em si, como seriam as roupas para se dançar o Siriri? Homens normalmente usam calças compridas e camisas coloridas, enquanto as mulheres se vestem com grandes saias estampadas em tons alegres e cores fortes. Adicionalmente, a maior parte das mulheres também adicionam como acessório uma flor presa aos cabelos.

 Os passos da dança são animados por ganzás, reco-recos, banjos, flautas, pauzinhos, maracás, sendo o canto típico puxado por dois cantadores.

 O agito peculiar das saias das moças confirma a vivacidade e dá à festa o tom de felicidade e alegria. Essa festa contagiante busca resgatar a identidade histórico-cultural deste povo maravilhoso do Brasil profundo.

 Típica principalmente de áreas ribeirinhas e de zonas rurais, hoje em dia a dança já circula por palcos nas cidades, sendo o maior destaque, principalmente, no Festival de Cururu e Siriri de Cuiabá (MT).

 Segundo pesquisadores, há indícios de que o siriri tenha nascido durante o período colonial.

 Existem duas versões para a origem do termo que dá nome à festa. Conforme minhas pesquisas, a mais disseminada é a de que o nome, de origem indígena, relaciona-se ao nome de uma espécie de cupim com asas (sobre o qual já falei acima), que voava pelas lamparinas em um ritmo e cadência parecidos com a dança, segundo crença da época.

 A segunda versão é de que o nome viria de “otiriri”, que vem a ser um tipo de representação teatral cômica muito comum por volta do século XVIII, na Península Ibérica.

 O Siriri é por muitos considerado uma simples variação do Cururu, manifestação típica da região, só que com um ritmo de execução mais acelerado. As letras que os cantadores entoam falam de forma simples e acessível sobre situações da vida e do cotidiano da região.

 E se retrata a vida e o cotidiano, não poderia ficar de fora dessa coluna. Por isso, festejemos aqui no Recanto o Siriri mato-grossense!

Por EDUARDO MACIEL

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