Salvem meu coração!
Respostas não obtive, mesmo que gritasse e rasgasse as cordas vocais, o silêncio foi
sepulcral.
Dia após dia, a dor fria e dilacerante, percorrendo os nervos, amargando a boca, via e previa
minha condenação, sentia os pulsares amargurados, distantes e sufocantes de um assombroso
sentimento.
Somente um suspirar surdo, longe e remoto enchia os pulmões, enquanto o sorriso afoito
brotava no canto da boca.
O grito ecoava, mesmo que às vezes preso na garganta, como cordas de sisal enfeitadas com
elaborados nós, ele ainda ecoava.
Salvem meu coração, estou amando!
O nome da dor é amor.
É um sentimento que massacra, queima, abre feridas, expõe a alma. Incendeia como ácido
sulfúrico espalhando-se na pele nua.
Quantos poetas tentaram descrevê-lo e descrevê-lo em formas de palavras, canções?
Mas eu ainda amo esse sentimento, quero tê-lo queimando, sufocando.
E, acompanhando um outro suspiro de prazer, peguei-me parafraseando o poeta Laurindo
Rabelo: “Embora fossem flores de tristeza, sempre eram flores”.
Por KAROL ARTIOLLI
Campinas – SP, BRASIL