Abaulado o sentir sob o seu peito
Encarcerado em voz muda, abafada
Cativo ante a confissão não mostrada
Inerte enfermo olvidado no leito
Ao poeta, orgulhoso de seu feito
Em um papel, a escrita faz morada
Em letras, a sua essência é forjada
Em fragmentos, seu sentido é perfeito
Há no bardo a masmorra, circunscrita
Em seu íntimo, o cárcere lhe toma
Liberta ao sentimento que lhe grita
Concebidos os versos em redoma
Alforria à vivência manuscrita
Rompe o peso, livra-se do sintoma
Por LILIAN BARBOSA