No meu quintal, após raiar o dia,
Encontro, sempre, um beija-flor-tesoura,
De cor azul em pose duradoura,
Pousado em um cordel com galhardia.
De vez em quando, espanta a covardia
Do macho estranho, afoito, que rasoura
O seu jardim buscando uma caloura
Que ali entrara, pois o cio ardia.
O dimorfismo não se faz presente
Na bela espécie, aqui jucundamente,
Descrita como a flor dos passarinhos.
Assim, feliz, desperto pra labuta,
Cerzindo versos e encampando a luta
Por colibris, saíras, e sebinhos.
Por José Rodrigues
Amélia Rodrigues – BA